Canguçu-RS

CANGUÇU

Autor: Iran Carlos Stalliviere Corrêa-IG/UFRGS

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki



Vista de Canguçu

Canguçu, localiza-se na latitude de 31º23'42" sul e na longitude de 52º40'32" oeste, estando a uma altitude de 386 m. Possui uma área de 3.520,6 km². É um município que conta com as águas do rio Camaquã. É em Canguçu que nascem os arroios do Quilombo e das Caneleiras, que no município vizinho, Pelotas, juntam-se e recebem o
nome de Arroio Pelotas.
Canguçu está incrustado na Serra dos Tapes a qual forma junto com a Serra Herval a região fisiográfica gaúcha Serras do Sudeste.
Serras divididas pelo rio Camaquã que limita ao norte o município e que se constituem dos solos mais antigos do Estado, como parte do Escudo Rio-Grandense de formação no Período Arqueano.
Canguço hoje


Canguçu na década de 60



História

As Sesmarias

A área urbana de Canguçu, no período de 1780 - 1799, foi

denominada, "Rincão do Tamanduá", fazendo parte da área de mais de doze léguas de sesmarias, situado nas Serras de Sudeste, sendo proprietário, o nobre português, Capitão-Mor Dom Paulo Rodrigues Xavier Prates. De 1762 a 1777 houve violentos choques entre espanhóis e portugueses, visando ambos, ao domínio de que hoje
constitui o Rio Grande do Sul e República Oriental do Uruguai. Praticamente cessou a instituição de novos

povoados, preferindo os que para o sul vinham, estabelecer-se nos núcleos anteriores, e destes, em

especial nos mais resguardados de investidas castelhanas.

Após o término dessas lutas, foram concedidas sesmarias para a região onde hoje está constituído o município de Canguçu. Por volta de1793 os sesmeiros Paulo Rodrigues Xavier de Prates e João Francisco Teixeira de Oliveira, que até então viviam disputando a posse do"Rincão do Tamanduá", visando solucionar o litígio, doaram o sítio para

a construção de uma Capela. A 26 de dezembro de 1799, cento e quarenta moradores da região dirigiram ao Governador Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara, uma petição requerendo a concessão do rincão para erigir a capela e fundar a povoação. A 30 do mesmo mês e ano era a permissão concedida, com a ressalva de que enquanto não se formasse uma irmandade legalmente constituída,

coubesse ao cura e a dois homens bons do lugar, a administração dos ditos terrenos.

Seguindo este critério, seis dias após a petição, ou seja, a 10 de janeiro de 1800, era lançada a pedra fundamental da capela de Nossa Senhora da Conceição, sendo seu primeiro cura o Padre Pedro Rodrigues Tourem. Ergueram-se as casas quase que imediatamente, e logo florescia

uma povoação de tamanho considerável e bem organizada. Tais foram os méritos, que a capela curada era em doze anos levada à categoria de freguesia. Tal se deu por Carta régia do príncipe regente D. João, assinada a 31 de janeiro de 1812, sendo a décima sétima freguesia da

capitania. Havia então, no Rio Grande do Sul, apenas quatro municípios, sendo que a freguesia de Canguçu fazia parte de Rio Grande, passando somente em 1830 ao de Piratini, do que se constituiu distrito.



Vistas de Canguçu

O 22º município gaúcho a ser criado
Canguçu, antes distrito da capital farroupilha Piratini, foi o 22º município gaúcho a ser criado, por desmembramento do município de Piratini, do qual foi o distrito de 1831 a 1857 e o de "mais perigo e mais farrapo durante a Revolução Farroupilha", segundo Francisco Pedro de Abreu, o Moringue. Em ata da sessão de 1857, assinada pelo líder farrapo Vicente Ferrer de Almeida, deu-se a emancipação. Desde 5 anos antes da criação de Canguçu seus filhos já eram batizados na pia batismal construída, em 1851, pelo francês Marcelino Tolosan (MarcellinTholozan), 6 anos depois da pacificação farroupilha.

Canguçu teve grande participação e projeção, pois as tropas que integraram a Brigada Liberal de Antônio de Sousa Neto que o apoiaram em 10 de setembro
de 1836 no vitorioso combate do Seival e no outro
dia na proclamação da República Rio-Grandense, era constituída por canguçuenses na proporção de cerca de ¼.
Ao ser instalada a República Rio-Grandense em Piratini, em 6 de novembro de 1836, quem carregou o pavilhão tricolor pela primeira vez foi o canguçuense Major de Lanceiros Joaquim Teixeira Nunes – o Coronel Gavião, considerado pelo General Tasso Fragoso como a maior lança farrapa e que se tornou célebre no comando do Corpo de Lanceiros Negros Farroupilhas. Personagem abordado com grandeza e simpatia na minisérie "A Casa das Sete Mulheres" pelo ator Douglas Simon.

Estação Férrea de Canguçu

Canguçu foi palco de dois combates denominados de Canguçu, respectivamente em 25/26 de outubro e 6 de novembro de 1843 e nos locais Pedra das Mentiras e Cerro do Ataque, nos fundos do atual Colégio N. S. Aparecida em ambas as margens do arroio. E ambos
combates vitórias imperiais de Chico Pedro.
Foi em Canguçu que o maior cronista farrapo – Manuel Alves da Silva Caldeira, veterano farrapo, escreveu cartas-depoimentos aos
historiadores Alfredo Varela, Alfredo Ferreira Rodrigues, Alcides Lima e a Piratinino de Almeida que lhes permitiram resgatar expressivamente a memória do Decênio Heróico. A vila de Canguçu em momentos difíceis da revolução abrigou por diversas vezes Bento Gonçalves até agosto de 1843, conforme se concluiu de ofício do Barão de Caxias ao Ministro da Guerra. Isto até que Canguçu fosse ocupado pela Ala Esquerda do Exército ao Comando de Caxias, de setembro de 1843 em diante. Comandou a referida Ala Esquerda o célebre guerrilheiro Francisco Pedro Buarque de
Abreu , o futuro Barão de Jacuí. Canguçu foi criado município junto com Passo Fundo e por sugestão do simbolista farrapo Major Bernardo Pires, autor do desenho
da Bandeira da República Rio-Grandense, e desde 1891, adotada como a do Rio Grande do Sul.

Significado do nome
A denominação de Canguçu deriva da palavra indígena Caaguaçu, significando mata grande ou mato grosso, de igual forma que já foi denominada primitivamente a região onde se situa a célebre Avenida Paulista em São Paulo, bem como outros locais, segundo se conclui ou lê-se em descrições mais antigas. Caa-guaçu era uma alusão à milenar mata grande que encobriu primitivamente a encosta da Serra dos Tapes voltada para a Laguna
dos Patos e que daria o nome a ilha de Canguçu, mais tarde chamada de ilha da Feitoria como parte da estância Feitoria depois de adquirida por esta.Os primitivos habitantes de Canguçu foram os índios Tapes, tapuias, guaranizados e subordinados aos guaranis e que deram seu
nome a região onde Canguçu se assenta. Vestígios deles ainda são encontrados nos traços de habitantes do Posto Branco, Canguçu Velho e Herval.